domingo, 24 de março de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco mais além
__________________________
Ativismo omitido
Ahmadinejad se encontra com judeus nos Estados Unidos. Judeus protestam, em Israel, contra atitudes cometidas pelos dirigentes do país contra o povo árabe. Os vídeos encontram-se disponíveis no Luiz Nassif Online no www.advivo.com.br, postado por Diogo Costa (O encontro de Ahmadinejad com judeus nos EUA), incluindo outros mostrando a recusa de judeus em deixarem o Irã, como proposto por Israel.

Não perguntem a este provinciano escriba para explicar as razões por que a existência de tais fatos não encontra apoio da divulgação massificada da mídia. Diria, apenas para provocar, que devem os leitores que venham a nos questionar buscar a diferença entre judaísmo e sionismo.

Opção pelos pobres
A Igreja viveu momentos singulares na segunda metade do século XX. Da vocação latinoamericana para torná-la menos pompa e circunstância e mais próxima da mensagem de Cristo. Menos Cúria e mais ação e obras (“A fé sem as obras é morta”, Tiago 2,17).

A opção pelos pobres e excluídos ocupou os sermões em muitos templos e encheu de alegria e esperança milhões de fieis que passaram a viver a experiência das Comunidades Eclesiais de Base. A promessa do paraíso no Céu podia começar aqui, a partir de uma melhor distribuição da riqueza material.

Ultrapassado João XXIII chegamos a João Paulo II e Bento XVI. Nada a comentar. Além da nova opção pelos pobres... de espírito.

Ainda sobre o PNUD
O Governo brasileiro criticou os dados que sustentaram a classificação do país, mantido na 85ª posição, entre os 187 avaliados. “Não é aceitável que as nossas estatísticas, reconhecidas mundialmente, sejam ignoradas”, estrilou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. O esbirro levou o PNUD, através do escritório local da ONU, onde Jorge Chediek o chefia, a fazer uma simulação com base nos indicadores sobre renda, educação e saúde, para concluir, com o índice simulado, “que, de fato, o Brasil estaria na posição 69”. (“O globo revirado”, na Carta Capital n. 740).

Afastados os trocadilhos e anedotas que a nova posição pode ofertar a situação é bem mais confortável e condizente com os avanços reconhecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, alimentado pela ONU.

Sem domínio
As aberrações jurídicas perpetradas em muitos votos que alimentaram muitas das condenações na Ação Penal 470, festejado mensalão para gáudio das forças que enfrentam o Governo federal e o PT mais especificamente, envergonham não só o STF – mesmo porque alguns de seus pares não se fazem virtuosos para tanto. Inversão do ônus da prova em matéria penal, teoria do domínio do fato distorcida para corresponder ao que não existia etc.

No particular há denúncia de que Suas Excelências tendem a retirar dos votos as expressões canhestras que proferiram, em tardio mea culpa. O ministro Luiz Fux, por exemplo, já sinalizou para tanto. Razão por que os advogados de alguns dos réus pretendem requisitar as gravações da TV Justiça dos votos proferidos durante o julgamento – antes que apaguem tudo.

Conhecemos uma colega de magistério nos confessava que o que dizia o tinha como escrito com grafite, que facilmente apagava com uma simples borracha.

Assim Suas Excelências, que deram de mandar fossem apagadas suas intervenções orais durante o julgamento, para justificar a exclusão dos votos proferidos.

Tanto aventaram para encontrar fatos onde não havia que Suas Excelências perderam o domínio do fato. E para não atestarem a burrice passam a dizer que não disseram. Para tanto, apague-se a gravação.

Em memória de Agripino Grieco, reconhecem que a burrice foi tal que justificaria, quando publicados os anais do julgamento da AP 470, serem “encadernados em couro de jumento para fazer jus ao conteúdo”.

De periódicos e anedóticos
Quem se debruça sobre a Constituição Brasileira e o fizer comparando o texto original e o mais atual (porque nunca definitivo) entenderá a seguinte anedota.

Um brasileiro, destes da linha Afonso “porque me ufano de meu país” Celso, recolheu as economias e comprou o sonho de viajar a Europa. Por lá descobre a existência de uma livraria em algum lugar do Velho Continente, famosa por disponibilizar constituições de todos os países do planeta.

Envaidecido como nunca, ao ser atendido pelo proprietário (que fazia questão de ser ele mesmo o primeiro vendedor a se apresentar) perguntou se realmente era verdade que ali estavam dispostas todas as Cartas Magnas deste sofrido planeta Terra, encontrando resposta positiva, e afirmando ser esta a especialidade da empresa. Então inflou o peito, como pombo arrulhando, e disparou o que entendia ser o tiro de misericórdia em nível de importância: se o ilustre dispunha de uma constituição brasileira; ouviu, por resposta, que, infelizmente não, porque a livraria se especializara em constituições e não em periódicos.

Se publicada a íntegra das discussões e da defesa de certas teorias durante o julgamento da AP 470 muitos dos senhores ministros farão jus não só à encadernação recomendada por Agripino Grieco, mas ao título de autores do que há de melhor em anedota judiciária.

Ainda que para vergonha nacional!

Merece encadernação
“O autor de uma série de romances, entre eles Auto da Compadecida...”. Assim textua determinado observador na primeira página de conceituado sítio brasileiro. Para ele, Auto da Compadecida é romance.

Permitimo-nos não fazer referência ao sítio (pelo respeito que lhe temos), tampouco ao autor da pérola que transforma a poesia teatralizada e cordelística de Ariano Suassuna em romance na peça reconhecida como “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”, como o vê Sábato Magaldi.

No entanto, para ele, autor – não Ariano – dedicamos o troféu Agripino Grieco, conterrâneo de Suassuna, que certamente recomendaria o texto editado no sítio à encadernação em couro de jumento para fazer jus ao conteúdo.

Estranho! Ou “minha vingança será malígrina”
A última pesquisa Datafolha de intenções de votos para presidente em 2014 (realizada entre os dias 20 e 21 de março) omitiu na estimulada o nome de José Serra entre os prováveis candidatos, disponibilizando aos entrevistados apenas Aécio Neves como nome do PSDB, que oscilou de 12% para 10%.

Ainda que haja a probabilidade de Serra não ser candidato é – no presente instante e até que declare expressamente não sê-lo – um nome conhecido, além de vinculado ao tucanato, muito mais forte para fins de pesquisa que Aécio, não fora a evidência de estar nos últimos processos eleitorais, a partir de 2002.

Duas especulações: ou a Folha de São Paulo, espaço sempre aberto a José Serra, está queimando-o ou o faz em relação a Aécio.

Ou, muito provável, que esteja antecipando algum acordo secreto do qual tomou conhecimento. Não à toa, apenas ainda especulando, Eduardo Campos (que oscilou de 4% para 6% na estimulada) andou conversando secretamente com José Serra e Geraldo Alckmin. Nesta de buscar um palanque em São Paulo pode servir ao propósito de Serra de responder ao que ele considera traição de Aécio em 2010.

Tido para os chargistas e gozadores como “cocheiro de vampiro” José Serra bem pode estar tirando uma de Bento Carneiro e pondo em andamento uma “vingança malígrina” contra Aécio Neves.

Sucesso
Nessa de o ministro Joaquim Barbosa candidatar-se a presidente da república ficamos a imaginá-lo eleito e comandando uma reunião ministerial ou participando da composição do governo para assegurar a governabilidade.

Caso gravada em vídeo será sucesso internacional!

Referência
Itororó oscila no termômetro da história. De reduto gerador de políticos (chegou a ter dois deputados estaduais e um federal, simultaneamente, no final dos anos 70 e início dos 80) à construção de uma marca – a carne-de-sol – vive o torvelinho e o astral negativo decorrente da perda de empregos diante do encerramento de atividades de três pólos da Azaleia instalados no município, não fora a influência que nele repercutia um quarto, instalado em Bandeira do Colônia. Tal realidade retirou do mercado de trabalho cerca de três mil moradores que dependiam da indústria com graves consequências para o comércio.

No entanto, há alguns anos, Itororó tem sido referência no surgimento de mesatenistas quando por lá iniciou um trabalho o dedicado Ednaldo Fernandes de Souza, premiado baiano no ranking nacional, onde conhecido como mestre “Didi da Bahia”.

Não fora outros alunos que deixaram a carreira pelo caminho, como Ueslei Néri, Itororó hoje ostenta o orgulho de possuir, no ranking nacional, um dos 15 melhores mesatenistas na categoria Juventude, Rafael Rocha, e o imbatível mestre Didi da Bahia, na categoria Veterano.

Desta vez, pelo menos, a Prefeitura tomou a louvável iniciativa de patrocinar Ednaldo Souza para que dê continuidade ao seu trabalho, voltado para a formação de novos mesatenistas para o ranking baiano e nacional.

Referência II
Ainda que uma referência reconhecida, o trabalho de Ednaldo encontra a maior dificuldade na inteira ausência de patrocínio, o que dificulta o aperfeiçoamento dos atletas, visto precisarem não só de centros de treinamento mais aprimorados, como mais disputas em torneios oficiais, o que demanda recursos, que na maioria das vezes, não dispõem. São viagens e equipamentos.

Rafael Rocha, 19 anos, por exemplo – medalhista na primeira etapa do Circuito Copa Brasil, ocorrida em Brasília neste início de março, com a de ouro – teria tudo para defender a equipe brasileira na Olímpiada de 2016 se encontrasse apoio para treinar em centros internacionais, a exemplo da China, hoje a maior referência em tênis de mesa do mundo.

Imbatível
Nos últimos anos o tênis de mesa de Itororó ostenta uma outra referência, ainda que não reconhecida na dimensão merecida: Ednaldo Fernandes é o campeão brasileiro na categoria Veterano V6 desde o início dos anos 2000.

A serviço de que e de quem I
A Lei Federal 6.454, de 24 de outubro de 1977 veda a atribuição de nomes de pessoas vivas a bens públicos de qualquer natureza pertencentes à União. De imediato deduz-se que a vedação respeita a autonomia dos denominados entes que integram a Federação, dentre eles os municípios, o que significa dizer, no âmbito municipal, que a matéria está adstrita aos limites dos interesses locais e como tal, suscetível de legislação própria. Em outras palavras: cabe a cada município legislar sobre o assunto, visto que a lei federal não o obriga a tal.

Polêmica surge no âmbito do município de Itabuna, partindo de atuação do Ministério Público Estadual, voltada para retirar nomes de pessoas vivas de espaços e entidades vinculadas à municipalidade.

Por exemplo, visado está o denominado Teatro Sala Zélia Lessa.

A serviço de que e de quem II
Registramos em nota no nosso Rastilhos da Razão Comentada, em http://adylsonmachado.blogspot.com, que muitos começam a questionar em torno do que leva “o Ministério Público Estadual, como custos legis, a investigar ou atuar em torno do (des)cumprimento de legislação municipal (caso exista) que em nada afeta interesses coletivos amplos como a Saúde e o Saneamento, o Transporte Urbano, a Educação ou o Meio Ambiente”.

A considerar, dois aspectos em nível de especulação: caso não exista lei municipal disciplinando o tema o Ministério Público não encontra respaldo legal através da lei federal; caso exista legislação municipal cabe verificar se houve alguma provocação de munícipe ou se o MP age como fiscal da lei municipal.

Partimos do pressuposto de que há lei municipal em torno do tema, ou seja, proibindo atribuir o nome de pessoas vivas a bens públicos de qualquer natureza pertencentes ao município.

Até que encontremos uma razão plausível e diante de tanta coisa que há para o Ministério Público fiscalizar em Itabuna parece-nos mais falta do que fazer. Ou, como especulam alguns, rescaldo do período eleitoral. À época os candidatos que se tornaram os atuais dirigentes quase chegaram a ser presos em plena campanha política.    

De uma coisa muitos estão certos: o menos interessado com a iniciativa do MP é a população. Que não está nem aí! Mesmo porque em nada será beneficiada e vê na iniciativa do MP pura bizantinice, assim como discutir sexo dos anjos.
_____________________

DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário