domingo, 26 de maio de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode dizer tudo e ir um pouco além
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Procurado pela Comissão da Verdade
Não recebemos ainda a edição de CartaCapital desta semana, nem mesma a da anterior – anda chegando atrasada, a distribuição não explica o porquê – mas localizamos o texto de Leandro Fortes, que nos inspira, no sítio da revista a partir de matéria desenvolvida no Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim.

De estarrecer: a Justiça baiana determinou, em sede liminar, a suspensão de circulação de matéria no blogue do deputado Emiliano José intitulada “A Premonição de Yaiá”, que havia sido publicada no A Tarde em fevereiro, vinculada à atuação do torturador baiano Átila Brandão, hoje convertido e tornado pastor evangélico – sem perder a “vocação” inspiradora.

Por desconhecermos detalhes no processo, não nos aprofundamos em torno do que nele está contido, até porque em respeito à magistrada, pessoa que sempre nos mereceu um voto de consideração e apreço, pela seriedade como profissional.

Ensaiado candidato a governador da Bahia em 2010, Átila Brandão foi destacado espancador de estudantes entre os anos de 1968 e 1973, quando andava infiltrado na Faculdade de Direito, enquanto integrante da Polícia Militar. Não perdeu a vocação para a censura, mormente quando alguém lembra de seu passado nada abonador, que deveria cobrar dele penitência diária pelo que fez nos tempos de chumbo. Hoje se esconde na “Fé” – com pregação à Malafaya – e tem programa na TV Aratu, retransmissora da programação nacional do SBT.

Recomendamos a leitura de “O torturador ofendido”, na CartaCapital.

Discussão aberta I
A possibilidade, concreta, de serem trazidos médicos do exterior – cubanos, portugueses e espanhóis, em princípio – levantou a lebre do corporativismo tupiniquim sob o prisma da formação em Medicina em cada país de origem comparativamente à brasileira.

De nossa parte não vemos porque uma graduação em diferentes países ensejasse diferentes “qualidades” profissionais, quando o conteúdo curricular tende a ser universal nas matérias de formação. A diferença residiria, sim, na ênfase dada por cada escola. Em nível de Brasil, por exemplo, o curso de Medicina da UESC difere de outros justamente por dotar o estudante de uma formação construída a partir da experimentação diária. A San Andrés (pública), de La Paz, na Bolívia, transita pelo mesmo viés.

Em Cuba priorizou o governo a Medicina preventiva (coisa que causa urticária em grande parcela de nossos profissionais, curricularmente voltados para a medicina curativa). Naturalmente, não será estranho que cada país eleja prioridades para a atuação médica.

Discussão aberta II
Por outro lado, parece-nos suspeita a exigência, quando partimos de outro prisma de observação: sempre que “médicos cubanos” estão no contexto os ânimos ficam exaltados, em que pese a Medicina em Cuba ser exaltada por muitos mundo a fora. Nossa dúvida reside em fato elementar, apenas para ilustrar: a reação à “formação” seria a mesma da classe médica tupiniquim se os médicos pretendidos pelo governo brasileiro tivessem origem na Alemanha, Estados Unidos, França, Canadá, Austrália ou Inglaterra?

O debate que se inicia no Brasil, com a intenção do Governo Federal de trazer médicos do exterior para suprir a demanda existente, mormente em regiões hoje basicamente desassistidas em relação à média nacional, como a Norte e a Nordeste, mobiliza a classe médica não somente expondo posição contrária – tanto que exige revalidação do diploma – como trazendo possibilidades de solução a partir da oferta local, desde que o poder público alimente a motivação, inclusive criando uma carreira federal.

Discutir sem corporativismos será proveitoso. E certamente o povo será beneficiado, assim pensamos.

Governabilidade não tanto assim
A semana repercutiu o que podemos chamar de reflexão por parte do Governo Federal: viu o PMDB arrebanhar assinaturas para uma CPI da Petrobrás e a Procuradora Eleitoral Sandra Cureau ajuizar iniciativa contra propaganda do PT por entendê-la política e eleitoral em favor de Dilma Rousseff.

Acabada de sair do embate da MP dos Portos, pretendia encaminhar uma Medida Provisória para regulamentar a mineração no Brasil, anseio, inclusive, dos inúmeros estados e municípios que não têm uma proteção para royalties nos modos como os que hoje tem explorado em suas áreas o petróleo, bandeira de políticos da oposição, a exemplo de Aécio Neves.

O Governo Federal recuou no encaminhamento da MP da Mineração. Afinal, percebe que não dispõe de parceiros confiáveis no partido de seu vice-presidente, onde muitos estão não para defender os interesses do país, mas o de amigos, como Daniel Dantas, que, se tinha interesse na MP dos Portos também o tem na da Mineração.

Alie-se ao cerco da “bancada de negócios” do Congresso os ataques que passa a receber do Judiciário, onde até sobre dimensão de ministérios Joaquim Barbosa deu de opinar.

É o que dá estar bem aprovada e com possibilidades concretas de reeleição no primeiro turno.

Duvido, logo existo
Aprendemos a duvidar de pessoas ou coisas quando elogiadas por certos críticos ou “formadores de opinião”. Não há preconceito, tão somente a análise em torno do que defendem como convicções e ideologias ou por estarem na frente de batalha de interesses privados e não dos nacionais. Naturalmente temos ponto de vista que pode ser considerado por quem esteja do outro lado do mesmo modo como os vemos. No entanto, a opinião é nossa.

Por exemplo: Myriam Leitão defende o liberalismo em todas as suas vertentes – nós não temos nele(as) visto vantagem para o planeta, que o diga a crise na Europa, uma das pátrias modernas da corrente. E não falemos de próceres tucanos ou democratas, cujos exemplos são recentes em nível de Brasil.

Por essas e outras ficamos com a orelha em pé diante de tantos elogios ao futuro ministro do STF, Luís Roberto Barroso, em sede de Jornal Nacional. No lado oposto, o que nos parece positivo, o pastor Silas Malafaya critica a indicação de Barroso.

Ou o cara é muito bom ou a turma já começou o processo de vigilância permanente.

Preciso
Instando a responder sobre a alardeada crise entre o Poder Judiciário e o Congresso, Cláudio Lembo foi preciso: “A crise é o Poder Judiciário”.

Perdendo o bonde
Decididamente a região não está se dimensionando, pelo menos em nível de planejamento, para o futuro a que está vocacionada. Será surpreendida com a realidade que se avizinha e sobreviverá pelas circunstâncias naturais, não por estar preparada para o está por acontecer.

Não vemos quaisquer iniciativas, claras, de que nossos administradores estejam construindo os caminhos para o futuro que nos espera.

Sobremodo preocupa-nos que os interesses individuais – e neles inseridos o de grupos político-partidários – sobreponham-se aos da sociedade. Esta, por sua vez, parece navegar no desconhecido.

Furtaram o jacaré
Nos anos 70 e 80, ainda residente em Itororó, não perdíamos oportunidade de comprar animais: tucanos, tatus, corujas, teiús, camaleões, em falar em perus e galinhas. Até mesmo um jacaré. Nada para atender ao estômago, mas para abrir “diálogo” com outro reino: o animal. Sentíamo-nos protegendo a fauna.

Em casa, cada um causava furor, pelos transtornos. Quando não fugiam – o tucano não aceitava a gaiola, torcia o arame e sumia; a coruja nos convencia de que era doméstica, abríamos a janelinha e ela buscava a primeira árvore e nos olhava com seu peculiar olhar, como se dissesse “viu, besta”; o tatu escafedia-se, não sabíamos como, assim que a noite chegava.

O camaleão e o jacaré, no entanto, foram utilizados pela Escola Monteiro Lobato, da professora Genira, que, em comitiva e excursão, fez com que a criançada os levasse sob festa ao zoológico da Matinha, em Itapetinga.

Tomamos conhecimento de que um jacaré de dois metros foi furtado daquele zoológico. Pelo tamanho estamos temendo que seja o “nosso” jacaré, para lá levado em tenra idade, com cerca de quarenta centímetros de “cabo a rabo”.

De biblioteca e de livros
Escrevemos recentemente sobre livros, sua importância e a frase de Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Temos acompanhado, do exterior, a reforma na Biblioteca Plínio de Almeida – de responsabilidade da FICC – e percebe-se que simplesmente o espaço a ela destinado (que já se encontrava reduzido) mais reduzido o foi, para dar lugar a gabinetes para os novos oito vereadores.

Externamente vislumbra-se a existência de novos aparelhos de ar-condicionado para os novos gabinetes; nenhum para a velha biblioteca.

Certamente não é falta de dinheiro, caso contrário a Casa do Povo não estaria ensaiando novo trem da alegria.
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* Coluna publicada nos fins de semana em www.otrombone.com.br

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