quarta-feira, 3 de julho de 2013

De volta

Às epístolas
Tempo houve em que a comunicação pessoal não ultrapassava os limites da oralidade ou da escrita epistolar. Ponha-se em seu seio a de grupos e mesmo governos. O estafeta foi figura ansiada, tradutor de esperanças várias dos que aguardavam a missiva que trazia as informações que só nelas poderiam estar contidas.

Muitas das palavras acima postas exigirão a busca de um dicionário para que sejam plenamente compreendidas pela geração atual. A não ser àquela que alimenta o título, lida e relida pelos que encontram na Fé o subsídio para o existir, que a reconhecem em Tiago, Paulo, Lucas, Pedro, Mateus, João etc.

De um instante para outro, o que fora lugar comum no curso de séculos e milênios, começou a  ser atropelado: rádio, telefone, cinema, telex etc. E descambamos na contemporaneidade da rede. O primitivo deu lugar à irreversibilidade da comunicação portável, onde nos falamos, nos vemos e nos escrevemos, tudo através da tela e da tecla que manipulamos como amuleto.

Foram necessários 60 dias para que a gente da manauara amazônica tomasse conhecimento da Proclamação da República. Hoje assistíriamos ao vivo a turma buscando Deodoro - que ardia em febre - para intermediar o conflito gerado por Ouro Preto com o emergente militarismo tornado grande a partir da campanha do Paraguai até o grito de "Viva a República!" que o povo não sabia o que significava de concreto.

A atuação mais recente dos meios eletro-eletrônicos se volta para programar e convocar mobilizações. Aqui e além mar.

O tradicional controle da mídia começa a ser solapado por essa revolução. Já são discutidos caminhos de repartição de bolos publicitários. E os governos, reonhecendo a força desta comunicação, exercem sobre ela sua mais tradicional função: bisbilhotar.

O progresso, caro leitor, trouxe essa inconveniência: a violação da privacidade, que deram de dizer exercitada em defesa da segurança dos Estados Nacionais. Naturalmente em defesa dos que detêm a tecnologia do controle.

Talvez tenhamos que retomar ao que para muitos é anacrônico: epístolas e missivas, dispensado o estafeta para assegurar nossa privacidade e o sigilo de convocações para manifestações de rua.

É, caro leitor. Precisamos começar a pensar não em uma "volta para o futuro' - coisa de ficção na tela grande - mas na volta às epístolas.

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