domingo, 21 de julho de 2013

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

Quando um tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além

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Paladinos da moralidade
As denúncias, fartamente documentadas, trazidas pela revista IstoÉ, sobre o propinoduto desenvolvido e mantido pelos governos tucanos de São Paulo durante 20 anos, levantam apenas uma indagação: por que as apurações não chegam aos tribunais?

Pelo menos 50 milhões de dólares (de DÓLARES), do excedente de preços superfaturados, retirados da educação e saúde de São Paulo, alimentaram próceres e campanhas tucanas no período.

Não custa o leitor (re)ler A Privataria Tucana, de Amaury Jr. Ou acompanhar o resumo do caso paulista em http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/07/20/istoe-tucanos-de-sp-construiram-num-propinoduto/ para conhecer o íntimo hipócrita de alguns paladinos da moralidade incrustados na oposição.

Vídeo montado contra a Globo
O sistema Globo, por seu rótulo mais visível, tornou-se alvo predileto de campanhas pela democratização dos meios de comunicação. Briga pra cachorro grande – dirão muitos. A internet tem sido o espaço para a campanha e se utiliza de todos os meios para lembrar o passado da platinada.

Mas, não deixa de ser interessante relembrarmos de fatos que estavam esquecidos, em que pese sua importância, como o direito de resposta de Leonel Brizola, por determinação judicial, “declamado” por Cid Moreira em pleno Jornal Nacional, feito inserir na montagem inserida em 

A favor de revoluções e golpes
A psicologia cognitiva o denomina de viés de confirmação (confirmation bias), que ocorre quando as pessoas só são sensibilizadas por informações que pareçam confirmar suas crenças ou hipóteses, ignorando qualquer evidência em sentido contrário.

Nossa mídia o utiliza à exaustão.

A propósito dele, nossa postagem “Confirmando o que interessa”, na quinta 18.

Trabalho intelectual ou prestação de serviços
Na premiação de Fernando Henrique Cardoso, pelo Congresso dos Estados Unidos, em 2012, podemos enxergar, sem qualquer maniqueísmo, uma relação com a espionagem estadunidense denunciada recentemente. O Brasil, a partir de 1998, ficou a mercê de controles externos no que diz respeito à segurança de seus meios de comunicação. Não são somente os particulares bisbilhotados, mas – e aí em jogo interesses de Estado – o próprio país, que hoje não dispõe de um mísero satélite sob seu controle, uma vez que transferidos com a privatização da Embratel.

O Senado pretende abrir uma CPI para investigar a espionagem estrangeira. É caso de Segurança Nacional. Não sabemos se convocará FHC para explicar o porquê de a privatização/entrega das comunicações haver incluído nossos satélites.

É caso para convocar e, havendo recusa, conduzir debaixo de vara o ex-presidente.

Não sabemos se a premiação a FHC o foi por méritos do trabalho intelectual ou por prestação de serviços.

Negócio
O Ministério Público de São Paulo dispõe de informações sobre o “suposto” esquema de corrupção envolvendo policiais do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc) de Campinas em crime de extorsão a traficantes, o que pode ter rendido, apenas em um ano, o equivalente a 2 milhões de reais à quadrilha.

Afastado o “caso de polícia” em que está envolvida a própria polícia (apenas em uma cidade desta “terra de São Saruê”) podemos afirmar que o tráfico de drogas se tornou um grande negócio. Também para a polícia, observada esta no comportamento de alguns de seus integrantes.

Razão
Sob esse viés não é difícil concluir onde está a dificuldade para reduzir a tragédia do consumo de drogas a patamares mais toleráveis. Reside justamente em “reduzir” os ganhos obtidos por personalidades centrais: inicialmente, a indústria da droga e os traficantes; e, agora, aqueles aos quais caberia a defesa da sociedade, uma vez que agentes do Estado ganhando para tal mister.

A sabedoria do povo bem reflete a situação: se qualquer um de nós sabe onde estão as bocas por que elas existem?

Campinas, caro leitor, é o Brasil.

Espírito de corpo
Médicos espanhóis desejam trabalhar no Brasil (Estadão). Médicos suíços estagiam em Cuba (do swissinfo.ch).

Para os espanhóis a remuneração oferecida supera a média do que ganham na Espanha; para os suíços ‘faltam recursos’ materiais em Cuba (afinal, o boicote sobre o país já supera 50 anos) mas “sobra atenção”.

No Brasil, ainda que faltem recursos, mais falta-nos “atenção”.

Argumento estúpido
Certos estão os profissionais da Medicina praticada no Brasil – assim o afirmamos, para melhor compreensão – em se posicionarem contra as recentes iniciativas do Governo Federal, centradas na ‘importação’ de profissionais de outros países e determinação, a partir de 2015, de que os estudantes em final de cursos, gradua(n)dos pois, exercitem a atividade junto a comunidades deles carentes.

Para ditas lideranças, de classe e de pensamento, faltam no Brasil recursos suficientes, tanto que sem equipamentos etc. não teria o profissional como trabalhar, este o argumento mais utilizado.

Leia-se por equipamentos os recursos tecnológicos auxiliares como laboratórios etc. tudo aquilo que alimenta a denominada “medicina de grupo”. Sob seu primado um médico (no Brasil, assim parece) somente o é, ou era, se pedir uma bateria de exames para concluir aquilo que sabe de antemão na maioria dos casos (ou tem obrigação de saber).

Sob esse viés lhes sobra razão.

A razão se esvai, no entanto, em não compreender que em muitos rincões não há um só médico para alimentar a autoestima do miserável em ser atendido, o que pode curá-lo, em certos casos, até pela fé e pelo placebo.
Registramos, então, a indagação: que mal fará à população colocar mais médicos à sua disposição?

Por outro lado, considerando a cobrança por mais recursos – no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde, foram gastos, em 2011, 477 dólares per capita enquanto na Argentina 869,4, no Uruguai 817,8 sem irmos ao Reino Unido com seus 2,477 – resolve a transferência pura e simples de dinheiro para ser roubado descaradamente em aquisições de medicamentos que não chegam (a não ser nas notas fiscais “frias”) ou superfaturamento de laboratórios, adicionando serviços que não foram realizados, para não falar em tratamentos de média e alta complexidade “criados”?

O assunto é por demais complexo. Assim como a solução. Que poderia se iniciar com a disponibilização de mais médicos para a população.

Tornaria o argumento da classe médica menos estúpido e abriria espaço para a sociedade discutir mais aprofundadamente a utilização dos recursos disponíveis para a saúde.

Sugestão
A resistência à vinda de médicos estrangeiros, diante da carência de profissionais em vários locais do Brasil, nos remete a uma contradição, vivenciada pelas populações carentes: o médico lá não vai porque alega falta de recursos e incentivos e o curandeiro não pode exercitar suas mezinhas porque não tem curso de medicina.

O carente ou morre por falta de médico ou na mão do curandeiro (se consideramos o conceito que sobre ele faz a Ciência).

Considerando que no lombo do carente só pancada, que se lhe dê a oportunidade de pelo menos escolher como morrer/viver.

Razão por que de nossa sugestão: ou vão os médicos ou os senhores médicos liberem o charlatão.

Homenagem
A AGRAL e a ACATE realizaram, na sexta 26, evento comemorativo aos 30 anos de teatro da atriz Eva Lima, levando ao Teatro Sala Zélia Lessa uma centena de amantes das artes para ouvir música e poesia, onde destacada a audição do coral Cantores de Orfeu.

Na oportunidade, onde presente Monsenhor Moisés, foi anunciada para agosto a reinauguração do órgão de tubos da Catedral de São José.

Música
A crítica em torno da qualidade da música ouvida pela geração atual, onde algumas expressões nos permitimos não declinar por considerá-las obscenas – seja-o em nível de letra, de arquitetura e de harmonia – está diretamente vinculada à formação do código apriorístico (aquele que nos permite deduzir em torno do que ouvimos a partir do que conhecemos e a recusar o que nos seja estranho), alimentado na mediocridade transformada em mercadoria de consumo por quem a divulga em emissoras de rádio e televisão.

A denominada “boa música” para quem ouve o é ainda que erudita (muitas vezes apresentada como se fosse coisa estranha ao povo) o que afasta a mediocridade de integrar dito panteão, basta ouvir o que nos seja possível.
Dentre o que de melhor há, por demais conhecida, “Bolero”, de Maurice Ravel, aqui ofertada em vídeo com guia de audição, permitindo acompanhar o que está acontecendo – instrumento(s) a instrumento(s) – no curso da execução, aproveitado da apresentação da Filarmônica de Berlim regida pelo argentino Daniel Barenboim.

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