segunda-feira, 22 de julho de 2013

Servindo

A dois senhores
Frei Leonardo Boff levantou em seu blogue, no texto "Equívocos conceptuais no governo do PT", pontos que estrangulam as políticas públicas da administração petista, pondo o dedo na ferida: "Não conseguindo se desvencilhar das amarras do sistema neoliberal imperante no mundo e internalizado, sob pressão, em nosso país, os governos do PT tiveram que conceder imensos benefícios aos rentistas nacionais para sustentar a política econômica e ainda realizar alguma distribuição de renda, via políticas sociais, aos milhões de filhos da probreza".

Para o que pretendemos neste instante, o fecho perfeito: "Passando por todos os ciclos econômicos, o nível de concentração de riqueza, até a financeirização atual, se manteve praticamente inalterado. São 5 mil famílias extensas que detem 45% da renda e da riqueza nacionais. São elas, via  bancos, que emprestam ao governo; segundo os dados de 2013, recebem anualmente 110 bilhões de reais em juros. Para os projetos sociais (bolsa família e outros)  são destinados apenas  cerca de 50 bilhões. São os restos para os considerados o resto".

O Governo Federal anunciou nesta segunda 22 o contingenciamento de mais 10 bilhões de reais para assegurar o superávit primário, a excrescência que faz a alegria imediata dos sempre insatisfeitos especuladores. Ministros com os dentes no coarador - como dizia Tormeza - anunciam a proeza como se o índice de desemprego estivesse zerado e não mais houvesse miséria no país, para não falarmos do quanto ainda carecemos de investimentos em outras áreas da gestão como educação, saúde, infraestrutura.

Entendemos - e aí enfrentamos em parte a ponderação de Leonardo Boff - que Lula fizesse o jogo que sempre denominamos como a inversão do 'dar os aneis para não perder os dedos' quando o ex-presidente pôs em prática o dar os dedos para não perder os aneis, considerados estes as políticas sociais e de distribuição de renda que veio a implantar. Se não o fizesse não teria governado seis meses. Poderia ir ao fim do mandato, mas governar não governaria. E nem os aneis existiriam.

Mas não entendemos como o discurso da Presidente Dilma se sustenta em fugir dos postulados do neoliberalismo e sua equipe econômica põe em prática justamente o contrário. Assegurar grana para especulador é retirar recursos dos investimentos.

Mantendo esta linha de morder e soprar, o Governo parte para servir a dois senhores.

Deveria preferir um deles: o país e seu povo.

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