quinta-feira, 11 de abril de 2013

Confirmação

Da própria fonte
O que há muito se sabia - participação direta dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 - vai se materializando com a liberação de documentos antes arquivados sob sigilo. Na esteira, muitos dos fatos escabrosos cometidos pela ditadura militar, especialmente aqueles que desaguaram em mortes nos porões do regime.

Para alentar a realidade a Comissão da Verdade vem sofrendo críticas diante da postura morosa e, de certa forma, conivente para com o esquecimento dos fatos. Coisa que o glorioso STF, ainda que contrariando convenções internacionais subscritas pelo Estado brasileiro, em muito contribuiu quando legitimou a denominada Lei da Anistia, abrindo espaço para que nela fossem amparados torturadores e assassinos respaldados em funções estatais.

Como observamos no início, os Estados Unidos tem participação ostensiva nos lamentáveis fatos ocorridos a partir de 1964 e por vias transversas vão sendo confirmados os desmandos praticados pela ditadura militar a partir de documentos por lá arquivados. 

Como o reconhecimento da morte de Stuart Angel sob tutela dos carrascos do regime, logo depois de preso, ainda que viesse a ser inocentado pela própria justiça militar depois de morto.

O Wikileaks vazou documento da embaixada dos EUA no Brasil, datado de 14 de março de 1973, confirmando os fatos denunciados por testemunhas que viram Stuart Angel ser arrastado pelo pátio do quartel onde estava preso, com a boca amarrada à descarga do veículo. (O revelado pelas testemunhas não consta do comunicado da embaixada). Os detalhes do vazamento estão no www.conversaafiada.com.br ("Wikileaks: documento relata assassinato de Stuart Angel").

O registro que ora fazemos se volta para engrossar as vozes que começam a desconfiar de que a Comissão da Verdade caminha muito mais para legitimar a mentira de que nada houve de extraordinário durante a ditadura militar, a não ser a o desaparecimento expontâneo de "terroristas" como Angel, o estudante de dupla nacionalidade (americana e brasileira) que acreditou no futuro melhor para uma de suas pátrias.

Talvez mais condizente com a Verdade iniciativas como a do deputado Romário, quando busca afastar Marin da CBF por suas ligações com a ditadura e a tortura, aquele que denunciou Vladimir Herzog da tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo e levou o jornalista à prisão e morte nos porões do DOI-CODI sob a delicadeza dos comandados por Sérgio Paranhos Fleury, outro dos "anistiados" pelo STF.

Cabe-nos recomendar à Comissão da Verdade que busque os arquivos do governo estadunidense. Provavelmente chegará à verdade sem necessidade da investigação que faz, constrangida.

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