segunda-feira, 8 de abril de 2013

Turma

Insaciável
Diziam os de antigamente, quando criticando quem gostava de dinheiro: O saco do usurário não enche nunca. A visão de parcela significativa do empresariado nacional, sob o condão de analistas de mercado e economistas que está a seu serviço, nos parece muito próxima do dito popular. A campanha está aberta, de forma escancarada, para aumentar a taxa básica de juros, a denominada SELIC.

Para a banca e parte de economistas ortodoxos o risco de aumento da inflação justifica (para ontem) jogar a SELIC para cima. Seria esta, a inflação, na atualidade, aquele dragão que incendiou a economia ultrapassando 80% ao mês no último quartel dos anos 80 de século passado e que fez o neoliberalismo de FHA entregar o país a Lula com inflação de 25% ao ano.

É sabido e consabido que quem ganha dinheiro com juros altos é a banca do mercado financeiro, os que vivem de especulação sem gerar um mísero emprego. Investir em produção não faz parte de sua agenda. Neste particular, para muitos empresários, integrar o universo de aplicadores no mercado financeiro assegura ganho certo (pago e garantido pelo governo), diferentemente de produzir, disputar espaço entre os consumidores, comercializar, vender etc.

Durante muito tempo a carga tributária era o bordão, o mote do dia: o país não vai para a frente em razão da carga tributária. O Governo Federal reduziu a arrecadação em dezenas de bilhões de reais, como forma de contribuir para a redução de preços, o que reflete na inflação etc. A indústria de eletrodomésticos, de alimentos da cesta básica, a construção imobiliária dentre os beneficiados.

Enquanto a derrocada do neoliberalismo arrocha os do Norte lá em cima - causada fundamentalmente pela especulação financeira - aprofundando a crise na Europa, gerando desemprego e miséria, quebradeira geral, por aqui amplia-se, como política de governo, a busca por produção e consumo como instrumentos de manutenção do bem estar da população, tendo por resultados um desemprego de país civilizado e consumo em crescimento.

A meta: descontrolar o que está sob controle
O monstro da inflação, contida nos limites fixados para o máximo da meta, podendo, segundo alguns especialistas, até ultrapassá-lo um pouco, mas, muito mais tendente a buscar o centro da meta (4,5% ao ano) ainda que longe dele, não atende aos reclamos da banca.

Em palavras simples, a política econômica, como posta, tem conseguido gerar emprego, reduzir o desemprego, ofertar ganhos reais de salários, aumentar o consumo, demandar por serviços e bens, ainda que a crise externa influencie a realidade local.

Pois é! Quando se espera resposta positiva do empresariado depois de desonerações na folha de pagamento em nível tributário e previdenciário, concessões ao setor privado de áreas privativas de atuação do poder público, da redução de juros do BNDES para empréstimos de longo prazo para investimentos etc. - o que era clamado por estes mesmos economistas e analistas de mercado - dizem não bastar. Somente o aumento dos juros salvará da inflação galopante, não o aumento da oferta.

O detalhe fica debitado à conta de que se estes parasitas, vigaristas e oportunistas que sonham com o retorno da plena especulação financeira e o Brasil voltar a ser o peru de natal para o mundo resolvessem o problema do povo este país seria o Paraíso. 

Que foi para eles durante muito tempo, quase todo o tempo passado. Usurários cujo saco não enche nunca.

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