sexta-feira, 12 de abril de 2013

Teste

De fogo
Em tempos de Inquisição a prova da verdade se apresentava sempre contra o acusado na "caça às bruxas": cabia a ele demonstrar a inocência (coisa assim como o pensar do ministro Luiz Fux em juízo criminal). Passar pelo fogo e não se queimar era uma forma de demonstrar inocência. O que nunca acontecia e o desgraçado não escapava da fogueira - esta, oriunda da condenação e não do teste.

Pelo andar do noticiário há um teste de fogo para o Banco Central e a política implantada a partir de agosto de 2010, quando iniciou a redução da taxa SELIC no instante em que o mercado - sempre ele - pedia mais, insaciavelmente, agentes que são do "bom mocismo" do combate à inflação.

A campanha é tão sórdida - assim a vemos - que mesmo a redução do IPCA para 0,47% em março, ante 0,60 em fevereiro, o que sinaliza início de queda da inflação, os "especialistas" não deram ênfase à queda mas ao acumulado nos últimos 12 meses, um mecanismo de propaganda pura e simples visto que a inflação anual é aquela correspondente ao ano civil (de 1º de janeiro a 31 de dezembro) e o que ocorreu, por exemplo até dezembro de 2012, em nenhum instante contamina afirmativamente o que venha a ocorrer até dezembro de 2013.

Mas, o que está por trás de tudo isso é justamente o enfrentamento que o Governo Federal estabeleceu ao sistema de metas de inflação, criado e desenvolvido para atender aos interesses do mercado, leia-se aí a banca da especulação financeira. 

O atual sistema contraria o anterior, que tinha a atuação do Banco Central eminentemente preventiva: utilizando-se de expectativas, a partir de analistas do próprio mercado (coisa assim de raposa tomando conta do galinheiro) quando ditos "especialistas" acham que há sinais de aumento da inflação e para contê-la cabe ao BC apenas aumentar os juros. Ou seja, encarecer preventivamente o consumo para inibir o consumidor de comprar e com isso forçar a redução dos preços. Só que, para a manutenção de tal esquema, o Governo vende papéis para financiar os juros da dívida (o que beneficia a banca de especuladores. Uma festa!).

Aí está o teste de fogo do Governo Federal: os Torquemadas do mercado, quase à unanimidade, pedem a alta de juros. Se o Banco Central ceder dirão que a política de redução da SELIC não funcionou, foi um "fracasso" e que o juros altos são e continuarão a ser a solução.

Os abutres, partindo da possibilidade de manutenção da SELIC no atual patamar (7,25%) já sinalizam que o aumento venha a ocorrer em maio. Se não... em junho... em julho...

Aguardemos o resultado do teste. A ser conferido na próxima reunião do Copom.


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